O trigo é tão antigo como a
História do arquipélago, é um património que nos conta detalhadamente a faina
deste cereal que fazia parte do dia a dia das famílias, desde a sementeira do
grão, até a amassadura do pão e nesta matéria, a freguesia de Gaula é portadora
de uma história inigualável.
Gaula é terra de tradições e é
nas tradições que reside a forma mais genuína de um povo. Há muito tempo atrás,
debulhava-se o trigo pelos poios a perder de vista, aproveitando a força motriz
da água, muito abundante nesta freguesia, e que o diga todo o património ligado
a este bem-essencial, os moinhos, os lavadouros de levada e os fontenários
espalhados um pouco por toda a freguesia.
A verdade, é que com o passar do
tempo, as grandes produções de trigo foram diminuindo, não só pela menor
produtividade que se foi verificando nos terrenos, mas também pela preferência
dos agricultores por outras culturas mais lucrativas, no entanto, os gauleses
resistiram ao virar dos tempos e juntaram-se, ainda que numa pequena produção,
para manter viva a essência desta arte que é a cultura do trigo e a sua
posterior debulha.
No sitio da Achadinha, na Achada
de Gaula, numa solarenga manhã de sábado, juntam-se os produtores à volta da
debulhadora, entre a labuta, os risos, as cantorias e aquele jaqué, o barulho inconfundível
da máquina atrai os mais curiosos. Carros carregados de trigo, dos produtores
locais, vão chegando e descarregando, os mais novos ajudam como podem e fica a
certeza e a esperança que a tradição terá a sua continuidade. Dá-se assim uma
reconstrução histórica, vivida intensamente por todos e com a colaboração da
associação TRAGA (Associação de Folclore Tradições de Gaula).
A Junta de Freguesia de Gaula
sempre apoiou as tradições e a cultura tradicional de trigo não ficou
esquecida, nesse sentido, criou-se um apoio financeiro para estes produtores
locais, na medida das possibilidades orçamentais da autarquia, num gesto claro
de incentivo a esta atividade centenária.
Juntos fazemos a diferença,
marcamos o compasso do tempo, mantemos viva a essência que nos liga à terra,
até para o mês que vem!