quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

Vimes, o pulsar de quem somos



Ontem, por via do desfile de Carnaval na Camacha, dei comigo a passear pela fábrica de vimes do Café Relógio e a aperceber-me do quanto o grau civilizacional de uma região, passa, indiscutivelmente, pela forma como tratamos a História e a nossa identidade.

O artesanato dos vimes passa por uma apatia e declínio, fomentada pelo alheamento das camadas mais jovens e pelos sucessivos governos regionais que empurram a cultura, as artes e o artesanato para o fundo  de um orçamento com as prioridades muitos trocadas. Dispensam orçamento apenas quando isso é garantia de sucesso, sucesso económico, que como sempre, tem algum interesse político e no caminho, perde-se o rosto de quem somos, do mais antigo e sublime que nos define e o  respeito pela identidade de um passado, que urge preservar.

Há intenções de apoios, mas sempre haverá uma linha entre a intenção e a concretização de projetos, as coisas não se alimentam de palavras mas de ações, a falta o apoio à produção, a falta o apoio à promoção, a falta o apoio à formação, em suma, a falta um trabalho sério e responsável está a matar uma coisa única na nossa ilha.

Quem sabe, depois do trabalho de casa bem feito, não seremos capazes de chegar mais longe e a maiores formas de valorização do que, de mais nosso, se pode fazer.

Andreia Gouveia

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