“Dos 9.682.369
portugueses inscritos para votar, 43,07% não foi às urnas”
Observador
05-10-2015
Faz hoje uma semana
que o povo português votou para eleger o Governo dos próximos quatro anos. Entre vencedores e vencidos, é ainda mais
evidente que houve alguém que, infelizmente, saiu mais vitorioso que qualquer
partido político a votação. Esse ganhador sem rosto, sem nome e sem ideologia chama-se
abstenção, não é de direita, nem de esquerda, nem tão pouco de centro. Esta é da linha dos descontentes, daqueles que acham que votar uma perda
de tempo, daquelas a quem o pior da política arrancou a esperança e a vontade de exercer o direito de voto.
O que fazer quando
é a abstenção a dona e senhora das vitórias? Como fazer com que as pessoas
entendam que votar é a garantia que poderão escolher quem os governa e que o
seu voto pode mudar o rumo do sistema político? A abstenção é o pior inimigo da
democracia, com ela, os tiranos ganham o poder e alimentam-se da descredibilização
sentida pelos que acham que o seu voto não muda nada, para destruírem economias
e estados sociais.
Ganhou a abstenção em Portugal, tem vindo a ganhar cada vez
mais adeptos e é um mau sinal, sinal que os partidos não estão a dar garantias, não
estão a atrair pessoas e principalmente é sinal que têm falhado nas suas promessas,
nas suas linhas programáticas e nas suas ideias.
Conforta-me saber que estes novos partidos, criados de
fresco, poderão ser a lufada de ar que a política precisa, a injeção vital que
fará os abstencionistas perceberem que o seu voto é decisivo, que precisam
tomar o seu lugar no curso inevitável da história, que precisam lembrar-se que
muitos se sacrificarem para que hoje esse voto, que muitos desprezam, fosse um
direito de todos.
Platão não diria melhor quando se pronuncia nesta frase: “o
preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem
é inferior”.
O povo é quem mais
ordena, ele decide e o dia que “ele acordar, muitos políticos deixaram de
dormir”.
Andreia Gouveia
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